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Eu sou o Valdir Steuernagel e este é o podcast EntreLinhas.
Bem vindo.
Hoje eu queria orar. E essa oração quer começar com uma oração de uma pessoa chamada Martin Gutl. Nessa oração, ela tem o título Comecei a orar, ela diz assim:
"Houve um tempo em que eu estava cego.
Eu pensava o que todos pensavam, dizia o que todos diziam, fazia o que todos faziam.
Houve um tempo em que eu comprei uma pequena imagem devocional em que passava as contas do terço, que rezava 30 versos por dia.
Houve um tempo em que eu cumpria o meu dever, em que eu pensava de forma esquemática; em que o mundo me parecia distante.
Houve um tempo em que eu estava cego.
Então eu me tornei atento e então percebi:
Há muitas coisas erradas... elas falam do condicionalismo e destroem o homem, elas falam de paz e comercializam armas, elas enriquecem em cima dos imigrantes e do terceiro mundo, elas odeiam umas às outras e vão juntas para o culto.
Então, me tornei atento.
Me tornei atento e então eu li a Bíblia.
Um tentou caminho reto, referindo-se a Deus disse a verdade. Li sobre o fim e li sobre a sua ressurreição. E então me tornei atento.
Então comecei a questionar:
Quem é responsável pelo mundo ser como é? Nós? Ninguém? Deus? Alguém mais?
Quem o mudará? Nós? Ninguém? Deus? Alguém mais?
Quem faz alguma coisa? Nós? Ninguém? Deus? Alguém mais?
E então comecei a questionar.
Comecei a orar".
Começar a orar é uma atitude que abraça a vida. Começar a orar é uma afirmação da nossa própria humanidade. Orar é um sentimento e um grito que nasce da alma, em busca do outro, em busca do transcendente, em busca de uma relação. Orar é coisa muito séria. Orar é algo bonito, é algo intenso.
Orar é uma coisa tão séria que os discípulos não saíram por aí orando, por assim dizer. Os discipulos pediram que Jesus os ensinasse a orar. De fato, no ministério de Jesus, Ele fez duas coisas: uma delas, Ele disse o que é oração não é. Importante, não é? Importante é que Ele fez essa desconstrução da prática da oração como Ele a percebia no universo religioso do seu tempo. Então, Jesus disse: A oração não é o espetáculo e ela não é um espetáculo público. Ela não é coisa para as esquinas, com vestes atraentes. Oração não é espetáculo e ela não é uma retórica religiosa. A oração, em um outro momento a gente poderia dizer, que Jesus nos disse que a oração não é uma medição de forças. Especialmente se a gente pensa na vivência de Jesus no deserto, onde o tentador, o diabo queria, por assim dizer, chamar Jesus para o espetáculo. Queria montar um cenário de construção de forças e aonde ele quis oferecer muitas coisas para Jesus e Jesus disse não. Deus não entra no jogo da medição de forças com o inimigo. Então, a oração não é medição de forças com o inimigo.
A oração não é mágica. Não é uma questão de você entrar no templo e bater no peito. Não é uma questão de você se arrogar em uma auréola, de que você tem os poderes para a oração e vai produzir determinado tipo de feito.
A oração não é coisa que está nas nossas mãos, por assim dizer. Jesus desconstrói qualquer tentativa de fazer da oração algo nosso, um espetáculo que nós possamos manipular. Jesus desconstrói qualquer tentativa de fazer da oração uma medição de forças, como se Deus estivesse no mesmo nível do inimigo, do diabo e onde ele precisasse medir forças para mostrar que ele é mais forte. Deus não precisa disso. Jesus diz: Olha, Deus não entra nesse jogo.
É bom isso. É bom isso que Jesus faz, no sentido desconstruir, tanto da nossa prática da oração, que acaba sendo, muitas vezes, uma oração mágica; que acaba sendo, muitas vezes, performática; que acaba sendo, muitas vezes, uma oração dentro do marco religioso do conflito de poderes, por assim dizer. E Jesus diz para não caminhar por aí. Oração, ela tem um outro caminho. E então Ele nos diz o que é oração. A oração é um ato de entrega. A oração é um gesto de confiança.
A oração não é a busca de alguma coisa. A oração é o caminhar para o encontro com Deus, com esse outro, que é Deus, e fazer isso como uma atitude de confiança e de entrega. Nesse sentido, Jesus diz que a oração ela é construção de uma relacionalidade que potencializa a intimidade com Deus. É interessante, especialmente no evangelho de João, que nós temos esse Jesus orando. Esse Jesus nessa intimidade com o Pai; esse Jesus que fala com o seu Pai e inclui, por assim dizer, os discípulos nessa conversa com o seu Pai.
Oração é uma atitude de profunda escuta. Oração é atentividade, é uma atenção para escutar a voz de Deus, escutar a voz do Eterno pelo Espírito na Palavra. Escutar o que Deus traz a nossa memória. E, nesse sentido também, a oração é uma escuta. Não apenas nossa, mas também uma escuta do outro. Então, nesse sentido, a oração é uma escuta de Deus no encontro com a presença Dele, no encontro com a realidade Dele, encontro com a vida Dele, encontro com a beleza Dele. E, ao mesmo tempo, a oração é um encontro conosco mesmos, na nossa fragilidade, na nossa angústia, nos nossos questionamentos, nas próximas necessidades. Por isso, até essa legitimidade de orar por nós, pelas nossas coisas, não a partir daquilo que nós podemos e temos, mas a partir daqui que nós carecemos.
A oração, em última análise é adoração. Adoração ao Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo.
Eu volto uma vez mais para esse poema sobre oração, de Martin Gutl, Comecei a orar.
E eu queria passar esse poema uma vez mais e dizer: Você se identifica com ele?
Houve um tempo, ele diz, em que eu estava cego.
Eu pensava o que todos pensavam, dizia o que todos diziam, fazia o que todos faziam.
Houve um tempo, diz esse poema que, pela linguagem dele, a gente percebe que é um poema-oração que tem há algum tempo, em que eu comprei uma pequena imagem devocional em que passava as contas do terço, que rezava 30 versos por dia.
Houve um tempo em que eu cumpria o meu dever, em que eu pensava de forma esquemática; em que o mundo me parecia distante.
E a gente podia dar uma outra liguagem e faze-lo apartir da nossa própria linguagem, uma linguagem mais evangélica, não é?
Houve um tempo em que eu estava cego.
Então eu me tornei atento e então percebi:
Há muitas coisas erradas... elas falam do condicionalismo e destroem o homem, elas falam de paz e comercializam armas, elas enriquecem em cima dos imigrantes e do terceiro mundo, elas odeiam umas às outras e vão juntas para o culto.
Então, me tornei atento.
Me tornei atento e então eu li a Bíblia.
Um tentou caminho reto, referindo-se a Deus disse a verdade. Li sobre o fim e li sobre a sua ressurreição. E então me tornei atento.
Então comecei a questionar:
Quem é responsável pelo mundo ser como é? Nós? Ninguém? Deus? Alguém mais?
Quem o mudará? Nós? Ninguém? Deus? Alguém mais?
Quem faz alguma coisa? Nós? Ninguém? Deus? Alguém mais?
E então comecei a questionar.
Comecei a orar.
E quando os discípulos sentiram a necessidade de começar a orar Jesus os disse: Pai nosso que estás no Céu, santificado seja Teu nome. Venha o Teu Reino. Seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dá hoje e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, pois Teu é o Reino, o Poder e a Glória para sempre. Amém!
Oração é adoração.
Oração é escuta.
Oração é entrega.
Oração é orar Pai Nosso.
Comece a orar você também.
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